Barra-SC conquista primeiro título nacional ao empatar com Santa Cruz e leva Série D de 2025

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O Barra Futebol Clube escreveu sua história na tarde de sábado, 4 de outubro de 2025, na Arena Barra FC, em Itajaí. Em um jogo tenso, sem gols, o time catarinense segurou o empate contra o Santa Cruz Futebol Clube e conquistou o primeiro título nacional de sua história — a Série D do Campeonato Brasileiro de 2025Itajaí. O resultado, 0 a 0, foi suficiente porque o Pescador já vencia por 2 a 1 no agregado, graças à vitória na ida, na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no dia 27 de setembro. Era o momento que a cidade de Balneário Camboriú, e toda a região norte de Santa Catarina, esperava há mais de um século.

Uma estratégia defensiva que virou lenda

O técnico Eduardo Souza não precisou de grandes jogadas. Precisava de disciplina. E conseguiu. Com um 4-5-1 bem organizado, o Barra-SC cedeu espaço, mas nunca abriu brechas. O meio-campo, com Péricles e Ruan, cortou todas as linhas de passe do Santa Cruz. Aos 30 minutos da segunda etapa, o meia quase decidiu a partida: um chute de fora da área, na trave direita do goleiro Rokenedy. O estádio explodiu. Mas o silêncio que se seguiu foi ainda mais pesado — o Santa Cruz não reagiu. Até os 44 minutos, quando o atacante Pedro Henrique finalizou e o lateral Toty tentou o rebote. O goleiro Ewerton, o herói do dia, fez duas defesas seguidas, como se tivesse sido treinado para aquele momento. A bola não entrou. O título, sim.

Um clube centenário, mas sem glória

O Santa Cruz Futebol Clube, fundado em 1914, é um dos clubes mais tradicionais do Nordeste. Mas, na prática, vive de recordes tristes. Vice-campeão em 2019, 2021 e agora em 2025. O técnico Antônio Carlos Zago, ex-comandante de equipes como Corinthians e Ceará, entrou em campo com a missão impossível: vencer por dois gols de diferença. O regulamento da competição dava prioridade à melhor campanha na fase de grupos — e o Barra tinha essa vantagem. Zago, ao final, apenas balançou a cabeça. “Fizemos o possível. Mas o Barra foi mais esperto. E mais frio.”

Do Pescador ao topo: uma trajetória de raiz

Fundado em 1913, o Barra Futebol Clube sempre foi mais que um time. É um símbolo da identidade pesqueira da região. Os torcedores chamam de “Pescador” porque, na década de 1950, os jogadores eram filhos de pescadores que saíam do mar para jogar. Em 2025, eles subiram ao topo do futebol brasileiro. Ao longo da competição, o clube venceu 12 jogos, empatou 3 e perdeu apenas 3 — marcando 28 gols e sofrendo 22. Um saldo de +6. Nenhum outro time da Série D teve tanta consistência. E agora, com o título, garantiram vaga direta na Copa do Brasil de 2026. É o primeiro passo para algo maior: a Série C, talvez até a Série B. O presidente da diretoria, João Paulo Lopes, disse, entre lágrimas: “Isso aqui não é só um troféu. É a prova de que time pequeno, com paixão, pode vencer.”

Outros clubes que marcaram a Série D

A competição, com 64 equipes divididas em oito grupos, foi um verdadeiro caldeirão. O Aparecidense (GO), com 39 pontos, foi eliminado na terceira fase. O Altos (PI), com 34, e o Ceilândia (DF), com 33, também caíram. Todos com campanhas impressionantes — mas sem o fator sorte ou a defesa implacável do Barra. Estádios como o Lindolfo Monteiro (Teresina), o Carlos Zamith (Manaus) e o Sumaré (Cachoeiro do Itapemirim) viram histórias de superação. E os confrontos nas oitavas, como o Goiatuba 3x4 Aparecidense ou o Imperatriz 1x0 América-RN, mostraram que o futebol brasileiro está mais vivo do que nunca nas regiões menos vistas.

Preparativos para 2026 já começaram

Preparativos para 2026 já começaram

Enquanto o Barra celebrava, outros clubes já movimentavam peças para a próxima temporada. O Real Noroeste anunciou Armando Filho, ex-Falcon, como novo executivo de futebol — ele prometeu trazer de volta o zagueiro Rômulo. O Rio Branco-ES contratou o atacante Alisson Farias, de 29 anos, que jogava no Vietnã e voltou ao Brasil com fome de gol. O América-RN fez seu 19º reforço: o lateral Evandro, de 28 anos, ex-Botafogo-PB. E o Manaus rastreava o volante Raimundinho, enquanto o ex-jogador Vini Ed, após deixar o Manauara, acertou com o Goiatuba. O futebol do interior está se profissionalizando — e rápido.

Críticas e elogios ao novo formato

O presidente de honra do Fluminense-PI, ao comentar sobre a edição de 2025, elogiou a expansão dos torneios regionais, mas chamou o formato da Série D de “muito injusto”. “Só sobem quatro clubes para a Série C. É um corte brutal. E ainda cortaram datas do estadual para encaixar o nacional. O que sobra para os clubes menores?”, questionou. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que divulgou a tabela da competição em 27 de fevereiro de 2025, mantém que o modelo “aumenta a competitividade”. Mas a pergunta que fica é: será que o futebol do interior merece mais espaço — ou só mais pressão?

Frequently Asked Questions

Como o Barra-SC conseguiu conquistar o título com um empate sem gols?

O Barra venceu por 2 a 1 na partida de ida, realizada na Arena Pernambuco, e precisava apenas manter o empate sem sofrer gols na volta. Como o regulamento da Série D prioriza o saldo de gols e a melhor campanha na fase de grupos, o empate 0 a 0 foi suficiente. O Santa Cruz precisaria vencer por dois gols de diferença para levar o título — algo que não conseguiu, apesar da pressão nos minutos finais.

Qual é a importância histórica desse título para o Barra Futebol Clube?

É o primeiro título nacional da história do clube, fundado em 1913. Antes disso, o Barra nunca havia passado da fase de grupos em competições nacionais. A conquista garante vaga na Copa do Brasil de 2026 e abre portas para investimentos, patrocínios e até a possibilidade de ascensão à Série C. Para uma cidade como Balneário Camboriú, com pouco histórico no futebol profissional, é uma mudança de paradigma.

Por que o Santa Cruz não conseguiu vencer, mesmo sendo um clube tradicional?

O Santa Cruz tem tradição, mas vive uma crise de consistência em competições nacionais. Na final, sofreu com a organização defensiva do Barra e perdeu oportunidades claras. O técnico Zago montou um time ofensivo, mas a equipe não teve precisão. Além disso, a pressão psicológica de ter que vencer por dois gols pesou — e o goleiro Ewerton fez duas defesas decisivas nos minutos finais.

Quais clubes garantiram vaga na Série D de 2026?

Além do campeão Barra-SC e vice Santa Cruz, os clubes que chegaram à terceira fase e garantiram vaga em 2026 foram Aparecidense (GO), Altos (PI) e Ceilândia (DF). Esses times tiveram campanhas sólidas, mas caíram antes da final. A CBF mantém o formato de classificação por campanha na fase de grupos, o que favorece times mais consistentes ao longo da competição.

O que mudou na Série D em 2025 em comparação com edições anteriores?

A principal mudança foi a redução do número de clubes que sobem para a Série C — de seis para apenas quatro. Também houve ajustes no calendário, com menos datas entre as fases, o que aumentou a intensidade. A CBF afirmou que o objetivo era aumentar a competitividade, mas muitos clubes menores reclamaram da pressão e da falta de apoio financeiro para enfrentar o ritmo.

O título do Barra-SC pode mudar o futebol de Santa Catarina?

Com certeza. O estado já tem clubes tradicionais como Chapecoense e Criciúma, mas o Barra-SC é o primeiro da região norte a conquistar um título nacional. Isso pode incentivar investimentos em categorias de base, novos estádios e parcerias com empresas locais. A cidade de Balneário Camboriú, que já é turística, agora tem um time de futebol de elite — e isso pode transformar a economia local e a identidade cultural da região.