Flamengo avança às quartas da Libertadores com autoridade: 3 a 0 no agregado sobre o Inter

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O Beira-Rio viu um visitante frio, paciente e cirúrgico. Em Porto Alegre, o Flamengo venceu o Internacional por 2 a 0 e confirmou a classificação às quartas de final da Copa Libertadores, fechando o confronto em 3 a 0 no agregado. O roteiro foi construído em dois atos: vantagem mínima e madura no Maracanã, controle emocional e eficiência fora de casa. Nada de sustos. A equipe de Filipe Luís administrou o tempo, o placar e o ambiente.

A série começou no Maracanã, em 13 de agosto, com vitória por 1 a 0. O lance que abriu o confronto saiu da bola parada: escanteio batido com precisão por Léo Araújo e cabeceio certeiro de Bruno Henrique aos 28 minutos. Não foi só o gol. O Flamengo ditou o ritmo do início ao fim, sustentando 66,5% de posse, empurrando o Inter para o próprio campo e selecionando bem as finalizações. Rochet, em grande noite, segurou o placar e impediu que a vantagem carioca fosse maior.

Depois do intervalo, o Internacional cresceu. Ricardo Mathias puxou transições, deu velocidade e abriu espaços que não existiam no primeiro tempo. Foi o melhor trecho colorado na eliminatória: mais agressividade, mais gente na área e cruzamentos que testaram a concentração da zaga. Ainda assim, chances limpas foram raras. Faltou o último passe para transformar ímpeto em gol.

No duelo de volta, em 20 de agosto, a arquibancada colorada esperava pressão. O Flamengo preferiu a maturidade. Não adiantou a linha sem necessidade, não se expôs, tirou o ritmo quando foi preciso e acelerou nos momentos certos. Arrascaeta apareceu como termômetro técnico e abriu o placar, empurrando a eliminatória para um ponto de não retorno. Mais tarde, Pedro confirmou o 2 a 0 com a frieza habitual. Dois golpes assertivos, zero desespero.

Sem recorrer ao máximo do arsenal ofensivo, o time carioca escolheu vencer pela cabeça: ocupação de espaços, posse útil e poucas concessões defensivas. Filipe Luís desenhou um plano simples de executar e difícil de desmontar. Ao Inter restou trocar passes por fora e insistir nos cruzamentos. A defesa rubro-negra, compacta, venceu a maioria dos duelos e manteve o controle da própria área.

Fla controla os dois jogos

A eliminatória teve uma lógica clara. O Flamengo jogou com o relógio, com a bola e com o nervosismo do adversário. O roteiro se repetiu nos dois estádios, com detalhes que explicam o 3 a 0 no agregado.

  • Posse que avança: a equipe não tocou por tocar. A circulação longa puxou o Inter, abriu brechas entre linhas e permitiu infiltrações pontuais. Quando não havia corredor, recomeço sem culpa.
  • Bola parada como arma: o escanteio do primeiro jogo valeu meia classificação. Léo Araújo calibrado, Bruno Henrique no tempo certo. Em mata-mata, detalhes pesam.
  • Bloco compacto: linhas próximas, distância curta entre meio e defesa. Cruzamentos do Inter viraram bolas atacáveis, e rebotes ficaram com os visitantes.
  • Transições escolhidas: nada de correr por correr. Acelerou quando o Inter se desorganizou; quando o rival fechou, paciência.
  • Gestão emocional: o jogo do Beira-Rio pedia pulmão e cabeça fria. O Flamengo tirou o barulho do estádio no toque, fez o primeiro e silenciou a aflição.

A fotografia estatística ajuda a contar a história: 3 a 0 no agregado, gol cedo na ida, porta fechada atrás nos dois jogos. E aquela posse de 66,5% no Maracanã que traduziu a ideia do confronto: controlar antes de acelerar. Fora de casa, o time desacelerou a partida sempre que o Inter tentou aumentar a rotação. Funcionou.

No plano individual, peças-chave apareceram quando era preciso. Arrascaeta deu direção ao ataque e escolheu o momento de ferir. Pedro transformou uma chance clara em gol, como manda o manual do camisa 9. Bruno Henrique, personagem recorrente em noites de mata-mata, abriu o caminho na ida. Do outro lado, Rochet evitou que o confronto acabasse cedo. E Ricardo Mathias, ainda jovem, mostrou personalidade ao carregar a reação colorada na segunda etapa do primeiro jogo.

O Internacional sai com frustração compreensível. Em casa, precisava impor volume e amplitude, mas esbarrou na falta de infiltração por dentro. Quando tentou acelerar, perdeu passes simples e permitiu contra-ataques. Quando recuou para respirar, viu o Flamengo se instalar e escolher onde ferir. O time gaúcho melhorou após o intervalo no Maracanã, mas não sustentou esse padrão o suficiente para virar o cenário do confronto.

Filipe Luís, ainda nos primeiros capítulos como técnico, assinou uma eliminatória muito adulta. As escolhas refletiram leitura de contexto: proteger a área, reduzir riscos, usar a bola parada e potencializar quem decide. Nem espetáculo, nem sofrimento — eficácia. Em mata-mata, isso vale ouro.

O que muda para as quartas

O que muda para as quartas

As quartas de final elevam a barra. A dinâmica recente da Libertadores não tem gol qualificado, então a palavra de ordem segue a mesma: administrar 180 minutos com cabeça fria. O Flamengo chega com confiança alta, defesa pouco vazada nesta série e protagonistas em boa fase. É combustível para uma fase que costuma punir quem erra pouco.

Três pontos entram no radar imediato do clube carioca. Primeiro, o calendário. A sequência no Brasileirão pede rotação inteligente sem quebrar a espinha do time. Segundo, a bola parada. Quando bem treinada, vira atalho em jogos travados — e o Flamengo acaba de provar isso. Terceiro, a resposta à pressão alta. Adversários tendem a morder a saída de bola; a equipe precisa alternar construção curta com lançamentos para escapar da armadilha.

  • Gestão de elenco: preservar minutos sem perder entrosamento.
  • Intensidade dos primeiros 20 minutos: ditar o clima do jogo, em casa ou fora.
  • Foco disciplinar: cartões bobos cobram caro em quartas.
  • Eficiência: meia chance precisa virar gol; duas, classificação encaminhada.

Há também a energia que vem das arquibancadas. O Maracanã pesa, e a segurança defensiva mostrada nessa série dá base para transformar apoio em vantagem real. Do outro lado do mapa, jogar fora pedirá o mesmo plano que funcionou em Porto Alegre: controlar, esfriar, punir. Simples de dizer, difícil de executar — e foi exatamente isso que o Flamengo fez bem contra o Inter.

Com a vaga garantida, o clube vira a chave, mas não perde de vista o objetivo maior. A torcida rubro-negra reacende o sonho do tetra continental. O elenco tem lastro competitivo, um treinador com leitura apurada e jogadores capazes de definir partidas grandes. A fórmula não promete espetáculo toda noite. Promete algo mais raro em mata-mata: consistência.