Com um jogador a mais por boa parte do segundo tempo, o Brusque não conseguiu furar a retranca do Náutico e começou o quadrangular com derrota em casa por 1 a 0. O gol de Patrick Alan, ainda na etapa inicial, no Estádio Augusto Bauer, neste 7 de setembro de 2025, dá o tom do desafio que o clube terá pela frente na Série C 2025 — e num calendário agora definido, em que cada ponto pesa como decisão. Rebaixado da Série B no ano passado, o time catarinense precisa reagir rápido para manter vivo o plano de retorno imediato.
A estreia negativa aumenta a pressão porque não há gordura para queimar em um quadrangular de seis rodadas. A matemática é direta: restam cinco jogos para recuperar terreno — dois em casa e três fora. Em edições recentes da competição, somas na casa de 9 a 11 pontos costumam decidir o acesso. O recado é claro para o Brusque: transformar desempenho em resultado, especialmente no Augusto Bauer, não é mais uma opção, é o caminho.
Como funciona o quadrangular e o que está em jogo
O formato desta fase reúne os oito melhores da primeira etapa em dois grupos de quatro. Os times se enfrentam em turno e returno dentro do grupo; ao fim das seis rodadas, os dois primeiros sobem para a Série B de 2026, e os líderes fazem a final. O regulamento prevê critérios clássicos de desempate (pontos, número de vitórias, saldo e gols marcados, entre outros). Com o calendário já traçado pela CBF, a corrida termina oficialmente em 26 de outubro, data de encerramento do torneio.
No caso do Brusque, a combinação de mandos ficou mais exigente após a queda na estreia. Com três partidas fora a cumprir, a equipe terá de administrar viagens, gramados diferentes e cenários de jogo menos favoráveis, sem perder a objetividade em casa. O recorte é sensível: qualquer tropeço no Augusto Bauer cobra um preço alto quando a margem de erro é curta.
- Vagas em jogo: 2 acessos para a Série B de 2026.
- Rodadas no quadrangular: 6 por equipe (restam 5 para o Brusque).
- Mandos restantes do Brusque: 2 jogos em casa e 3 fora.
- Prazo: fase termina até o fim de outubro.
O impacto da derrota para o Náutico não está só no placar. O roteiro do jogo expôs pontos de ajuste: o Brusque teve dificuldades para criar contra uma linha baixa, mesmo após a expulsão que deixou o rival com dez. Faltou acelerar pelo lado, variar altura de cruzamentos e aproveitar melhor as sobras de segunda bola. Em duelos assim, detalhes de área e bola parada mudam o destino de uma campanha.

Onde o Brusque precisa reagir
- Criação contra retrancas: alternar entre ultrapassagens dos laterais e infiltrações por dentro. Mais tabelas curtas no terço final e menos cruzamentos previsíveis aumentam a taxa de finalização qualificada.
- Bolas paradas: ofensivas e defensivas. Escanteios e faltas laterais são ouro em quadrangular. Treinar rotas de bloqueio, desvios no primeiro pau e cobertura para segundas bolas pode render pontos.
- Transição defensiva: ao empurrar o adversário para trás, sobra campo nas costas. Reação rápida pós-perda e cobertura dos zagueiros são vitais para evitar contra-ataques.
- Efetividade: na estreia, a produção não virou gol. Ajustar a tomada de decisão (finalizar x passe extra) e disputar rebotes dentro da área aumenta a eficiência.
- Gestão emocional: pressão do acesso pesa. Converter frustração em concentração após lances adversos — como expulsões ou chances perdidas — evita quedas de rendimento.
- Banco que decide: calendário apertado exige soluções nas trocas. Entradas que mudem ritmo, amplitude e agressividade podem virar jogos no segundo tempo.
Há também uma dimensão simbólica que o elenco precisa resgatar: fazer do Augusto Bauer um diferencial. Em quadrangulares, o mando pesa. Atmosfera, gramado conhecido e logística favorável somam. Com apenas dois compromissos restantes em casa, a conta é simples: pontuar nas duas partidas e buscar pelo menos um resultado grande fora.
O jogo contra o Náutico deixou sinais táticos. No primeiro tempo, o Brusque demorou a encontrar o espaço entre linhas e sofreu quando perdeu a bola com o time avançado. Na etapa final, já com um homem a mais, o rival reforçou a área e fechou o corredor central. Faltou mexida de altura — alternar ataques rápidos com circulação mais paciente para deslocar a defesa — e mais presença simultânea na área para atacar a primeira e a segunda trave.
Do ponto de vista físico, a sequência exige atenção. Gramados pesados, viagens e jogos em ritmo de decisão pedem controle de cargas e microciclos bem definidos. Rotacionar sem perder competitividade é tarefa do dia a dia, e escolhas pontuais — como preservar quem está no limite e usar melhor as cinco substituições — costumam refletir na reta final.
Para a torcida, a mensagem é de mobilização. O clube já tem a ordem dos confrontos definida para as próximas rodadas do quadrangular, com alternância de mandos e datas apertadas até o fim de outubro. O ambiente no Augusto Bauer e o apoio nos jogos fora podem empurrar um time que, tecnicamente, mostrou capacidade de ocupar o campo de ataque e empurrar o adversário para trás — falta transformar esse volume em gol.
Rebaixado em 2024, o Brusque trabalha para evitar um ciclo longo na terceira divisão. O quadrangular é a última porta para a volta à Série B em 2026. O início foi duro, mas a disputa só começou. Com cinco jogos pela frente, o roteiro do acesso ainda cabe numa sequência de vitórias em casa, competitividade fora e atenção aos detalhes que decidem campeonatos curtos.